segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Uma superpotência em greve
Em uma noite durante o longo e quente verão de 1940 em Washington, enquanto os americanos debatiam a melhor maneira de lidar com a guerra na Europa, o senador Claude Pepper, da Flórida, recebeu uma ligação da polícia lhe perguntando o que deveria ser feito com sua estátua. Após um momento de choque, Pepper ficou sabendo que um boneco em tamanho natural batizado com o seu nome fora pendurado por uma forca em um carvalho em frente ao Senado, antes de ser arrastado em torno do Capitólio Estadual amarrado a um carro. O linchamento foi executado por senhoras de chapéu irritadas: eram integrantes de um movimento de mães isolacionistas, mobilizadas devido à sua declaração de que o serviço militar deveria ser obrigatório para homens.
Os políticos não estavam muito mais calmos. Senadores de lados opostos se acusaram de se aproveitar da guerra para auferir lucros. Uma briga aconteceu na Câmara após um seu membro ter chamado a outro de traidor. Mesmo enquanto forças alemãs se expandiam pela Europa um líder da facção isolacionista do partido republicano, o senador Robert Taft, de Ohio, declarou que as políticas estatizantes do presidente Franklin Roosevelt eram mais perigosas que o nazismo.
Tais cenas ensejam a avaliação do debate de hoje em dia – em geral cordial – a respeito da Síria. Os EUA não estão experimentando 1940 mais uma vez: ano capturado de forma vibrante em dois novos livros de história, “Those Angry Days” de Lynne Olson e “1940″ de Susan Dunn. Ainda assim, ecos potentes podem ser ouvidos. Os pais fundadores da república aconselharam os americanos a serem cautelosos diante de conflitos internacionais. As suspeitas em relação a pedidos de intervenção variaram de intensidade desde então, aumentando muito em momentos de fadiga de guerra. 1940, portanto, marcou um momento que pode ser visto como o ponto alto do isolacionismo em sua forma mais pura. Naquela época, assim como hoje, oponentes da intervenção militar vinham da direita e da esquerda, forjando uma aliança desconfortável em resposta às dolorosas memórias de combates recentes.
Pesquisas de opinião revelam que maiorias significativas dos americanos creem que o regime de Assad provavelmente tenha usado armas químicas contra civis, mas a maioria ainda assim se opõe a uma intervenção americana. Assim como em 1940, muitos americanos estão fartos de tentativas de consertar o mundo muçulmano, assim como seus avós se sentiam fartos de tentativas de consertar a Europa.
Fontes: The Economist-A superpower on strike
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