sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Anarquista graças a Deus - Todos querem mas ninguem tem coragem

Disse o Frei Leonardo Boff em uma de suas palestras algo que me chamou a atenção e eu conclui que ele é um Anarquista de carteirinha, posso estar errado mas foi esta minha impressão. Ai criei coragem e coloco estas informações por aqui, na quase certeza que tenho muito amigos anarquistas que não sabem que o são. È isso ai.
Anarquismo (do grego ναρχος, transl. anarkhos, que significa "sem governantes", a partir do prefixo ν-, an-, "sem" + ρχή, arkhê, "soberania, reino, magistratura" + o sufixo -ισμός, -ismós, da raiz verbal -ιζειν, -izein) é uma filosofia política que engloba teorias, métodos e ações que objetivam a eliminação total de todas as formas de governo compulsório. De um modo geral, anarquistas são contra qualquer tipo de ordem hierárquica que não seja livremente aceita e, assim, preconizam os tipos de organizações libertárias.
Anarquia significa ausência de coerção e não a ausência de ordem. A noção equivocada de que anarquia é sinônimo de caos se popularizou entre o fim do século XIX e o início do século XX, através dos meios de comunicação e de propaganda patronais, mantidos por instituições políticas e religiosas. Nesse período, em razão do grau elevado de organização dos segmentos operários, de fundo libertário, surgiram inúmeras campanhas antianarquistas. Outro equívoco banal é se considerar anarquia como sendo a ausência de laços de solidariedade (indiferença) entre os homens. À ausência de ordem - ideia externa aos princípios anarquistas -, dá-se o nome de "anomia".
Passando da conceituação do Anarquismo à consolidação dos seus ideais, existe uma série de debates em torno da forma mais adequada para se alcançar e se manter uma sociedade anárquica. Eles perpassam a necessidade ou não da existência de uma moral anarquista, de uma plataforma organizacional, questões referentes ao determinismo da natureza humana, modelos educacionais e implicações técnicas, científicas, sociais e políticas da sociedade pós-revolução. Nesse sentido, cada vertente do Anarquismo tem uma linha de compreensão, análise, ação e edificação política específica, embora todas vinculadas pelos ideais-base do Anarquismo. O que realmente varia, segundo os teóricos, são as ênfases operacionais.
Anarquismo filosófico é uma escola de pensamento anarquista, que alega que o Estado não possui legitimidade moral e, em contraste com o anarquismo revolucionário, não defende uma revolução violenta para eliminá-lo, mas defendem a evolução pacífica para superá-lo. Embora o anarquismo filosófico não implique necessariamente qualquer ação ou desejo de eliminação do Estado, os anarquistas filosóficos não acreditam que têm a obrigação ou o dever de obedecê-lo, ou, inversamente, que o Estado tem o direito de comandar.
O anarquismo filosófico é um componente especial do anarquismo individualista Anarquistas filosóficos históricos incluem Mohandas Gandhi, William Godwin, Herbert Spencer, Max Stirner e Henry David Thoreau. Michael Freeden identifica quatro grandes tipos de anarquismo individualista. Ele diz que o primeiro é o associado à William Godwin, que defende um governo próprio com um "racionalismo progressista, que incluiu a benevolência para outros." O segundo tipo é a racionalidade amoral do egoísmo, com a maioria associada a Max Stirner. O terceiro tipo é "encontrado nas previsões iniciais de Herbert Spencer, e em alguns dos seus discípulos, como Donisthorpe, prevendo a redundância do estado na origem da evolução social." O quarto tipo conserva uma forma moderada de egoísmo e das descrições de cooperativas sociais através da defesa do mercado, tendo seguidores como Benjamin Tucker, e Henry Thoreau. Anarquistas filosófico contemporâneos incluem John Simmons e Robert Paul Wolff.
Anarquistas filosóficos podem aceitar a existência de um Estado mínimo com desagrado, e geralmente como um temporário "mal necessário", mas argumentam que os cidadãos não têm a obrigação moral de obedecer ao Estado quando as leis entram em conflito com as liberdades individuais. Tal como concebido por William Godwin, que exige que as pessoas ajam em conformidade com seus próprios juízos e permitam a mesma liberdade a todos os outros indivíduos; concebida egoisticamente por Max Stirner, que implica que "O Único", que verdadeiramente "pertence a si mesmo" não reconhece direitos aos outros; dentro dos limites do seu poder, ele faz o que é certo para ele.
Ao invés de pegar em armas para derrubar o Estado, os anarquistas filosóficos "tem trabalhado por uma mudança gradual para libertar o indivíduo do que eles pensam ser leis opressivas e restrições sociais do Estado moderno e permitir a todos os indivíduos se auto-determinarem." Eles podem opor-se à supressão imediata do Estado por meios violentos com a preocupação de que ficariam inseguros sobre a criação de um estado mais prejudicial e opressivo. Isto é especialmente verdadeiro entre os anarquistas que consideram a violência e o Estado como sinônimos, ou que consideram contraproducente quando a reação pública à violência resulta na aplicação de uma "lei de coação".
Anarquistas filosóficos notórios
William Godwin, o fundador do anarquismo filosófico, acreditava que o governo era uma "mal necessário", mas que esse mal iria se tornar cada ves mais supérfluo e impotente pela propagação gradual do conhecimento.
William Godwin (Cambridgeshire, 3 de março de 17567 de abril de 1836) foi um jornalista inglês, filósofo político e novelista. Ele é considerado um dos primeiros expoentes do utilitarismo, e um dos primeiros proponentes modernos do anarquismo.[1]Inquérito acerca da justiça política, um ataque às instituições políticas, e As coisas como elas são ou As Aventuras de Caleb Williams, que ataca os privilégios da aristocracia, mas também é virtualmente o primeiro romance de mistério. Baseado no sucesso de ambos, Godwin tornou-se uma figura proeminente entre os círculos radicais de Londres na década de 1790. Na reação conservadora subsequente ao radicalismo britânico, Godwin foi atacado, em parte por causa de seu casamento com a escritora feminista pioneira Mary Wollstonecraft em 1797 e sua cândida biografia sobre ela após sua morte; sua filha Mary Godwin (conhecida posteriormente como Mary Shelley) seria autora de Frankenstein e se casaria com o poeta Percy Bysshe Shelley. Godwin foi autor de uma extensa obra, do romance ao texto histórico e demográfico. Com sua segunda esposa, Mary Jane Clairmont, ele escreveu o livro infantil Primer, baseado na história clássica e bíblica, que publicou junto com o escrito Tales from Shakespeare de Charles e Mary Lamb's. Utilizando o pseudônimo de Edward Baldwin, ele escreveu uma grande variedade de livros para crianças, incluindo uma versão de Jack e o Feijão Falante.Ele também teve uma considerável influência na literatura britânica e na cultura literária européia. Godwin é mais conhecido por dois livros que ele publicou no intervalo de um ano:
Max Stirner escreveu em 1842 um longo ensaio sobre a educação chamado O Falso Princípio da nossa Educação. Nele, Stirner nomeia o seu princípio educacional como "personalista" , explicando que o auto-entendimento consiste em autocriação contínua. Educação, para ele, é criar "homens livres, caráteres soberanos", pelos quais ele quer dizer "caráteres eternos...que são portanto eternos porque eles formam-se a cada momento".[124]
1901, o pensador anarquista e livre pensador Francisco Ferrer estabeleceu escolas progressivas ou "modernas" em Barcelona, desafiando um sistema educacional controlado pela Igreja Católica.[125] O objetivo inicial da escola era educar a classe trabalhadora em um cenário racional, secular e não-coercitivo". Ferozmente anticlerical, Ferrer acreditava na "liberdade na educação", educação livre de autoridade da igreja ou do estado.[126] Murray Bookchin escreveu: "Esse período (década de 1890) foi o auge das escolas libertárias e de projetos pedagógicos em todas as áreas do país onde os anarquistas exerciam alguma escala de influência. Possivelmente, o mais bem conhecido esforço neste campo foi a Escola Moderna de Francisco Ferrer (Escuela Moderna), um projeto que exercia uma considerável influência na educação catalã e nas técnicas experimentais de ensinar em geral."[127] La Escuela Moderna e as ideias de Ferrer em geral foram a inspiração para uma série de Escolas Modernas nos Estados Unidos,[125] Cuba, América do Sul e Londres. A primeira dessas foi inaugurada em Nova Iorque em 1911. Ela também inspirou o jornal italiano Università popolare, fundado em 1901.


Anarquismo e Religião - Ghandi
O movimento anarquista não advoga em favor do ateísmo ou agnosticismo, mas em muitas ocasiões sua luta antiautoritária se estendeu ao anti-clericalismo. O problema, portanto, está na consolidação em forma institucional da religiosa, tornando-se um instrumento de exploração dos homens.
Desta forma, o que os anarquistas negam é a instituição "Igreja" em todas as suas formas, e não a Igreja enquanto templo de fé, pelos seguintes fatores:
– A sua conivência, conciliação e apoio à dominação capitalista – em especial, pela defesa da propriedade privada;
– Pela sua estrutura completamente vertical, a qual segrega o corpo religioso e toda a humanidade de forma a selecionar os beneficiados e os dignos dos poderes espirituais;
– Pelas intervenções em campos não espirituais, criando, por meio da doutrina fundamentalista, uma série de empecilhos ao desenvolvimento social e humano como um todo;
– Pelo processo de alienação do ser humano em relação à sua realidade, fazendo o indivíduo, muitas vezes, delegar a entes imaginários, espirituais, as transformações humanas que, na verdade, cabem a ele mesmo ajudar a promover.
Por fim, os anarquistas acreditam que o que cada um pensa ou crê, não importa ao próximo, desde que a Liberdade e todos os demais princípios anarquistas não sejam ofuscados de forma alguma.
Gandhi, por exemplo, que era um hinduísta, pode ser considerado um anarquista, pondo em prática a desobediência civil para a libertação da Índia do Imperialismo britânico.
Talvez uma das primeiras experiências anarquistas do mundo, antes mesmo de ter sido criado o termo, tenha ocorrido nas margens da Baía de Babitonga, na cidade histórica de São Francisco do Sul. Em 1842 o Dr. Benoit Jules Mure, inspirado na teorias de Fourier, instala o Falanstério do Saí ou Colônia Industrial do Saí, reunindo os colonos vindos de França no Rio de Janeiro em 1841. Houve dissidências e um grupo dissidente, à frente do qual estava Michel Derrion, constituiu outra colônia a algumas léguas do Saí, num lugar chamado Palmital: a Colônia do Palmital.
Mure conseguiu apoio do Coronel Oliveira Camacho e do presidente da Província de Santa Catarina, Antero Ferreira de Brito. Este apoio foi-lhe fundamental para posteriormente conseguir a ajuda financeira do Governo Imperial do Brasil para seu projeto.
O anarquismo no Brasil ganhou força com a grande imigração de trabalhadores europeus entre fins do século XIX e início do século XX. Em 1889 Giovani Rossi tentou fundar em Palmeira, no interior do Paraná, uma comunidade baseada no trabalho, na vida e na negação do reconhecimento civil e religioso do matrimônio, (o que não significa, necessariamente, "amor livre"), denominada Colônia Cecília. A experiência teve curta duração.
No início do século XX, o anarquismo e o anarcossindicalismo eram tendências majoritárias entre o operariado, culminando com as grandes greves operárias de 1917, em São Paulo, e 1918-1919, no Rio de Janeiro. Durante o mesmo período, escolas modernas foram abertas em várias cidades brasileiras, muitas delas a partir da iniciativa de agremiações operárias de inclinação anarquista.
Alguns acreditam que a decadência do movimento anarquista se deveu ao fortalecimento das correntes do socialismo autoritário, ou estatal,  marxista-leninista, com a criação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1922 participada inclusivamente, por ex-integrantes do movimento anarquista que, influenciados pelo sucesso da revolução Russa, decidem fundar um partido segundo os moldes do partido bolchevique russo.
Porém, esta posição, sustentada por muitos historiadores, vem sendo contestada desde a década de 1970 por Edgar Rodrigues (anarquista português naturalizado no Brasil, pesquisador autodidata da história do movimento anarquista no Brasil e em Portugal), e pelos recentes estudos de Alexandre Samis que indicam que a influência anarquista no movimento operário cresceu mais durante este período do que no já fundado (PCB) e só a repressão do governo de Artur Bernardes, viria diminuir a influência das idéias anarquistas no seio do movimento grevista. Artur Bernardes foi responsável por campos de concentração e centros de tortura, nos quais morreram inúmeros libertários, sendo que o pior de tais campos foi o de Clevelândia, localizado no Oiapoque. Edgar Rodrigues apresenta em várias de suas obras as investidas de membros do PCB que, procurando transformar os sindicatos livres em sindicatos partidários e conquistar devotos às idéias leninistas, polemizavam em sindicatos e jornais, chegando a realizar atentados contra anarquistas que se destacavam no movimento operário brasileiro, durante a década de 1920.
Cecílio Villar (Henrique Martins)
Zenon de Almeida
O Anarquismo pós-esquerdista procura se distanciar da esquerda tradicional - comunistas, socialistas, social democratas, etc. - e escapar dos limites ideológicos em geral. Os pós-esquerdistas defendem que o Anarquismo perdeu força devido ao envolvimento com outros grupos de esquerda e à defesa de causas específicas (o movimento contra a guerra ou a energia nuclear, nos EUA; os sem-terra, no Brasil). Eles defendem uma síntese do pensamento anarquista, e um movimento revolucionário especificamente antiautoritário e desvinculado dos grupos de esquerda. As pessoas e grupos importantes associados ao Anarquismo pós-esquerdista incluem a revista Anarchy e Jason McQuinn, Bob Black, Hakim Bey, entre outros.

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