terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Noticias do Fórum Social de São Paulo - Reativação do Centro de cultura, educação e saúde na Ocupação Prestes Maia


Um edifício de mais de 30 andares, divididos em dois blocos, abandonado no Centro de São Paulo é sintomático. Segundo o IBGE, a cidade possui cerca de 250 mil imóveis na mesma condição de abandono. Em contraposição, São Paulo também possui o maior movimento de luta por moradia urbana do país. O Governo, enquanto administrador público, traçou um plano de revitalização do centro que ignora o Direito à Cidade (artigo 2º da Lei Federal 10.257/01) quando constrói moradias populares em áreas periféricas, longe dos serviços e infra-estrutura, lazer, cultura, trabalho e transporte e não atende devidamente famílias de baixa renda em programas habitacionais. A compilação destas informações explica a maior ocupação vertical da América Latina no centro da cidade de São Paulo
O Prestes Maia abriga hoje, cerca de 300 famílias filiadas ao MSTC – Movimento Sem Teto do Centro. Desde a chegada dessas pessoas, em 3 de outubro de 2010, há um trabalho constante de recuperação do espaço através da organização de mutirões para a retirada de entulhos do interior do prédio, recuperação do subsolo que se encontrava alagado por água decorrente de infiltrações e esgoto, instalações elétricas clandestinas e captação de água da rua.
Em 2007, 468 famílias que ocupavam o Prestes foram despejadas por ordem judicial e encaminhadas para moradias populares prometidas pela prefeitura ou receberam cartas de crédito. Em nota, o prédio deveria ser desapropriado pela prefeitura e destinado a algum fim social. Já nesta época o edifício encontrava-se em situação completamente irregular. Os proprietários que moveram e ganharam a ação de reintegração de posse deviam cerca de 5 milhões de reais em impostos de propriedade e não tinham a escritura do local. Hoje, este valor chega a 6 milhões de reais e, até a atual ocupação, o prédio continuava sem função social.

Centro de cultura, educação e saúde na Ocupação Prestes Maia

Frente à luta por moradia, a Comboio discute e busca praticar uma ação efetiva de ocupação dos espaços. Para tanto, no dia 19 de dezembro de 2010, promoveu a inauguração de um Centro no 12º andar que tem como projeto garantir o acesso à cultura, educação e saúde aos moradores da ocupação e entorno.
Este projeto conta com o desenvolvimento de oficinas de formação na área de cultura e educação e criação de ofícios que gerem renda própria, bem como um trabalho com a saúde visando à prevenção de doenças e boa alimentação. A idealização deste projeto pelo grupo Comboio pretende tratar a educação como base para todas as outras áreas (cultura, lazer, saúde, arte) e por em discussão a separação cartesiana do conhecimento tal qual é tratado hoje. Ocupar a cidade e seus espaços, proporcionar a criação de ambientes que desenvolvam as potencialidades das crianças, preconizar a autoformação, valorizar o que as pessoas sabem como ponto de partida e, principalmente, desenvolver a autonomia são alguns pontos propostos para trabalho. Aliás, a transmissão de conhecimento deve ter sempre em vista a emancipação das pessoas e não o contrário, cumprindo com o objetivo de não se tornar mais um programa assistencialista dentro da ocupação, mas algo que tenha sustentação própria.
Início das oficinas: 10 de janeiro
Programação atual: Teatro, mediação de leitura, plantação de horta, confecção de brinquedos utilizando materiais recicláveis.
Veja abaixo as fotos de algumas das oficinas já realizadas

Crianças que habitam na ocupação, em atividade, no primeiro encontro da oficina "Mediações de Leitura"

Também no primeiro encontro da oficina "Mediação de Leitura", participantes exercitando em grupo a leitura

Formadoras e participantes do segundo encontro da oficina "Mediação de Leitura"
texto, vídeos e imagem: Comboio Universo Cidade Livre

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