segunda-feira, 28 de março de 2011

Presidente da Casa do Brasil diz que muitos cidadãos querem regressar e não conseguem Governo de Dilma deveria apoiar programa de regresso voluntário de brasileiros ao seu país

O Governo do Brasil deveria apoiar os programas de retorno voluntário actualmente utilizados por muitos imigrantes brasileiros em Portugal ou criar um programa próprio de ajuda, declarou hoje o presidente da Casa do Brasil em Lisboa.
Dilma ainda não tem na agenda uma reunião com a comunidade brasileira que vive em Portugal Dilma ainda não tem na agenda uma reunião com a comunidade brasileira que vive em Portugal (Reuters)
“Eu peço que o Governo (brasileiro) apoie o programa de retorno voluntário para o Brasil, já que está a acontecer o retorno de muitos brasileiros que são imigrantes em Portugal”, disse Carlos Vianna, a propósito da visita da presidente Dilma Rousseff a Portugal.

Dilma Rousseff vem a Portugal para prestigiar o ex-presidente Lula da Silva - que vai ser distinguido na quarta-feira pela Universidade de Coimbra com o título “honoris causa” e na terça-feira com o Prémio Norte-Sul, em Lisboa - e manterá encontros com o primeiro-ministro José Sócrates e com o Presidente Cavaco Silva.

Segundo o presidente da Casa do Brasil de Lisboa, o Brasil não faz parte da Organização Internacional para as Migrações (OIM), que tem dado apoio aos imigrantes brasileiros que querem regressar ao seu país.

“Tem havido muita demanda (procura) de brasileiros nos programas de retorno voluntário da OIM. Portanto, (o Brasil) poderia apoiar ou criar um programa próprio para o retorno voluntário. Há pessoas que querem voltar e têm poucas condições para adquirir passagens para o Brasil”, referiu Vianna.

Segundo Carlos Vianna, o desemprego em Portugal é geral, para toda a sociedade e atinge particularmente os imigrantes.

A cabeleireira brasileira Eliane Gonçalves também considera que o desemprego está a fazer muitos brasileiros voltarem ao seu país de origem, além dos problemas que enfrentam também na obtenção da documentação de residência no país europeu.

Segundo Vianna, “o problema (na obtenção dos vistos de residência) é real”, referindo que a burocracia é um grande entrave. “É muito importante a presidente Dilma Rouseff vir cá, sobretudo para inteirar-se sobre os nossos problemas”, acrescentou a cabeleireira.

“Penso que a imagem do Brasil deveria ser mais trabalhada em Portugal e a dos portugueses no Brasil”, sublinhou a jornalista Lea Teixeira, referindo-se ao preconceito ainda existente.

A presidente da Associação Lusofonia Cidadania e Cultura (ALCC), Nilzete Pacheco, disse que Dilma Rousseff deveria tratar, em Portugal, de um assunto que lhe é muito próximo, o da defesa das mulheres.

“Temos que acabar com a imagem que a mulher brasileira tem no país, sempre ligada à prostituição”, disse Nilzete, acrescentando que Dilma deveria tratar com as autoridades portuguesas a questão do tráfico de seres humanos e ainda a dificuldade no reconhecimento de diplomas de formações específicas nos dois países.

Para Carlos Vianna, a comunidade brasileira imigrante deve ser sempre “um ponto permanente na agenda entre os dois governos”.

Tanto Vianna como Nilzete Pacheco lamentaram muito o facto de Dilma Rousseff não ter programado, pelo menos até agora (porque ainda não há programa oficial da visita de dois dias), um encontro com a comunidade brasileira em Portugal, que actualmente é de mais de 150 mil pessoas.

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